quinta-feira, 26 de maio de 2011

Parabéns Cambuí pelos seus 119 anos de apoio à cultura!













Cambuí, terra querida, a nossa vida será por ti.

Ou “deveria” ser...

Cultura: Ato, efeito ou modo de cultivar; desenvolvimento intelectual; saber; utilização industrial de certos produtos naturais; estudo; elegância; esmero; sistema de atitudes e modos de agir, costumes e instruções de um povo; conhecimento geral.

Cambuí é uma cidade que teria muito a oferecer em termos de educação, saúde e, dentre outras coisas, turismo e cultura (que é o propósito deste texto). Porém, há um grande empecilho que não permite a cidade de progredir e este se chama “burocracia”.

Há anos não se vê uma melhoria no que diz respeito ao apoio cultural desta cidade, que contém – sem especulações – um dos melhores expoentes musicais da região, provavelmente, até mesmo do Estado ou do País. Veja bem: nenhum músico efetivamente radicado aqui teve sua carreira em evidência, mas bastou que ele próprio tivesse a audácia de buscar reconhecimento em outros pólos (como por exemplo, nas metrópoles) para que seu trabalho fosse reconhecido. O fato é que não existe nenhuma valorização do trabalho (autoral ou não, mas principalmente autoral) de artistas cambuienses.

Não é de hoje que enfrentamos estas situações. Há anos somos, literalmente, abandonados em alguma atração pública ou encaixados em datas e horários totalmente desfavoráveis, ainda que haja alegações de que apenas bandas de Cambuí possam ser escaladas para se apresentarem em festivais realizados pela Prefeitura na cidade para que se faça a justiça de um (falso) apoio – ou o que chamo de “colaboração fantasma”. Fica evidente que, com esta esquematização inventada por “eles”, nenhum artista de fora seria capaz de estar ligado à podridão de uma organização escrota e fútil, como é a dessa tal “Secretaria Cultural”.

Isto cabe não só às bandas de Rock (comumente vistas como perturbadoras e adeptas ao vandalismo), mas também aos grupos de Rap e demais artistas que se encaixem em outros gêneros: estamos sendo enganados, iludidos e manipulados... Enquanto nos esforçamos para ter alguma evidência na cena underground, aqueles que deveriam nos acolher, tanto em prol da sociedade cambuiense quanto em satisfação própria, estão chutando nossas bundas e a gente aceita o pontapé com um sorriso nos lábios e com a falsa esperança de que um dia reconhecerão nosso trabalho. E estamos completamente enganados!

Enquanto ficarmos de braços cruzados esperando que alguma melhoria seja feita, os burocratas de plantão agem como se nada tivesse acontecido e continuam a explorar nosso suor, direta ou indiretamente, deixando a nós a responsabilidade de lidar com um público parcial e ignorante (com exceção de nossos fãs fiéis e amigos que sempre estão nos acompanhando). Entra aí a falta de organização e disciplina em relação aos nossos direitos. Será difícil compreender que não estamos brincando e que queremos SIM crescer e divulgar, com orgulho, nossa cidade?

É inexistente o apoio cultural à música em geral por aqui e isto se torna claro quando frequentamos a Praça Matriz e temos que nos deparar com a monotonia e desordem (muitos irão compreender o que estou dizendo), principalmente nos fins de semana. Devido a isto, a opção mais comum é visitar outras cidades que ofereçam atrações dignas e, possivelmente correr riscos nas estradas, do que se isolar neste território de inesperáveis acontecimentos... Privam-nos do direito de nos expressar, mas não nos dão a possibilidade de evoluir e fazer com que, pelo menos uma parte da população (principalmente a jovem) possa ter opções de divertimento.

Falta estrutura para suportar nossas apresentações; falta entendimento para que tenhamos mais valor; falta apoio para que possamos prosseguir e falta RESPEITO para que possamos trabalhar com dignidade e amor nesta que é a cidade que escolhemos viver, crescer e progredir.

Apenas para reforçar esta idéia: não estamos tratando a música como brincadeira ou hobby! Tenho certeza que para muitos integrantes de bandas/grupos nesta cidade, a música é levada como algo sério e como algo a ser levada pra vida inteira. É claro que, se não existir apoio adequado, a frustração exigirá que o músico tenha que tomar outros rumos para que não morra de fome. E a culpa é de quem? De quem não colaborou para seu devido crescimento ou dele próprio, que escolheu o triste destino de ser músico?

Provavelmente, dos dois.

Aonde, efetivamente, está a cultura em Cambuí?

O pedaço mais feliz do sul de Minas parece não estar TÃO feliz assim...


Escrito por: RICARDO MICHILIZZI

5 comentários:

  1. Vale também ressaltar que não é somente com a música que a prefeitura deixa de apoiar, basta olhar a situação do nosso hospital, das nossas escolas municipais, do nível de emprego oferecido na cidade e até mesmo o nível intelectual de um diálogo cambuiense, onde só o que se comenta é o uso de drogas, desemprego, salário baixo, empresas que ao invés de permanecer e crescer em Cambuí estão indo embora da cidade. Será que é tão dificil a criação de uma Universidade ao invés de restauração de igrejas já em bom estado?????

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  2. Sem contar que o cerceamento das opções de cultura e lazer sempre é justificado como medidas de combate ao crime e às drogas.
    Discurso completamente vazio já que o efeito dessas medidas é justamente o contrário

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  3. Dan, eu me expressei nesse texto a respeito da música, porém, podemos encaixar as mais diversas práticas de cultura nesse contexto e não fugiremos do foco proposto: a cultura em si engloba todo o conjunto que forma uma sociedade e sim, os problemas que a assolam são devidamente acoplados à falta de CULTURA.

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  4. Com certeza, uma vez que uma coisa leva a outra. Partiremos de acordo com a maior necessidade no momento. Creio eu que nossa maior perda atual é o fechamento da santa casa que era o unico meio de ajudar a quem mais precisava de tratamento de saúde. E agora o que vão fazer as pessoas sem plano de saúde, pessoas da zona rural e idosos que dependiam da santa casa? Será que a prefeitura disponibilizará condução para esses enfermos até Pouso Alegre? Acho que não! Para eles não faz a menor diferença mais um "pobre" morrer em Cambuí. Daqui alguns dias o cemitério municipal declarará super-lotação de mortos!

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  5. Por este motivo a Prefeitura está investindo muito mais na criação de túmulos no cemitério "novo" do que na saúde.
    Está remediando quando poderia prevenir...

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